Música
Banda Nami: A Primeira banda IA Brasileira de Rock, Amor e Gravidade Zero
O produtor e letrista Silnei L. estreia o projeto Nami com o EP “Viagem à Lua”, uma mistura de glitch, romantismo e ficção científica que transforma tecnologia em emoção.
O pouso
Se a década de 2020 tivesse um clipe, talvez houvesse um momento em que amor, inteligência artificial e sintetizadores nostálgicos se encontrassem. Esse frame seria a Nami — apresentada como a primeira banda IA (de Rock, Amor e ‘gravidade zero’) do Brasil.
Mais do que uma curiosidade tecnológica, o projeto é uma experiência sonora e estética: orgânica e digital, humana e pós-humana, poética e pop ao mesmo tempo.
O EP de estreia, “Viagem à Lua”, já disponível nas plataformas, é quase um manifesto lunar sobre amor, tempo e repetição. A obra é dedicada à Marimoon — ícone da estética colorida e experimental dos anos 2000 — e conecta dois marcos simbólicos: a chegada do homem à Lua (1969) e a chegada da máquina à emoção humana (2025).
A estética do salto
A sonoridade de Nami atravessa o nu disco, o indie eletrônico e o synthpop, sempre com um toque de poesia cósmica.
Imagine algo entre Daft Punk, Metrô e Metronomy, com uma pitada de Kraftwerk — e letras que parecem escritas num bar à meia-noite.
Os beats têm alma; os vocais soam humanos, mas com um leve traço de programação — como se a própria máquina aprendesse o que é sentir.
Se a revista Bizz ainda existisse, talvez dissesse: “Viagem à Lua é pop sem medo de ser pop — mesmo quando filosofa.”
E se o crítico Barcinski comentasse – a Nami espera que ele comente um dia – quem sabe escreveria:
“A Nami é o tipo de banda que faria Bowie sorrir e Thom Yorke arquear a sobrancelha.”
A banda que não existe (mas existe)
A Nami é, ao mesmo tempo, projeto musical e experiência narrativa.
Sua estética mistura glitch e vaporwave, letras criadas em simbiose entre humano e IA, e visuais que parecem saídos de um VHS restaurado do futuro.
A proposta não é substituir artistas, mas expandir o que é ser artista — explorando o espaço entre a intuição humana e a lógica das máquinas.
Nami é IA, mas também é emoção em pixels.
Uma máquina que sonha com poesia.
A revolução dos Hertz
Enquanto o mercado fonográfico segue padrões entre 440Hz (afinação internacional) e 432Hz (usada por músicos que buscam ressonância harmônica), Silnei L. foi além: produziu o EP na plataforma Suno, explorando frequências pouco convencionais.
As faixas trabalham em 125Hz, com exceção de “É Só Amor”, composta em 1000Hz — uma escolha que resulta numa sonoridade limpa, nítida e quase estranhamente pura, especialmente audível em equipamentos Hi-Res.
O novo romantismo digital
Se o pop dos anos 80 se apoiava em teclados analógicos e o dos 2000 no autotune, o pop de 2025 encontra sua identidade na inteligência artificial com alma.
“Viagem à Lua” representa esse novo romantismo digital — um lugar onde emoção e tecnologia não competem, mas se completam.
Faixa a faixa — análise das letras do EP “Viagem à Lua”
1) Deu Match
Linguagem de app e flerte instantâneo viram poesia direta (“Te dei um match pra dentro e você me arrastou pra fora… “a nossa vida é intensa”). O léxico digital (“match”, “arrasta pra cima”) cria urgência e movimento; há antíteses dentro/fora, agora/demora, que dão pulso de pista romântica. Tema central: encontro imediato que invade a vida real. Figuras: anáfora, paralelismo, imperativos.
2) É Só Amor
Começa com o mundo dizendo “não” — “impossível sonhar… sorrir… viver” — e responde com um coro afirmativo, repetido como mantra: “É só amor!”. O refrão insistente funciona como antídoto à negatividade; a virada poética aparece nos “abraços coletivos e choques de amor” (comunitário, contagiante). Tema: otimismo combativo. Figuras: anáfora (“impossível”), hipérbole, refrão-mantra.
3) Espaço-Tempo
Imagens cósmicas (“Brilhando como estrela”, “no tempo-espaço do infinito”) transbordam para dentro: “Te encontrei aqui / Dentro de mim”. A canção faz da astronomia um espelho do afeto, onde o encontro é simultaneamente sideral e íntimo. Figuras: metáfora astronômica, paradoxo espaço/tempo.
4) Kino Glaz
Título referencia o “Kino-Glaz” (o “olho-câmera” de Dziga Vertov). O eu-lírico encara o vazio: “E o tempo para, a vida para… Por quê?” e conclui em colapso: “meu mundo morreu! Fim”. É a peça mais niilista, um “travamento” do olhar que transforma percepção em angústia. Figuras: intertextualidade (cinema vanguardista), gradação até o “fim”.
5) Outra Vez
Abre com imagem chocante (“minha porção Richthofen”) para dramatizar o impulso destrutivo do ciúme. Depois, a letra vira e mistura cultura digital (“Deus ao nosso lado dizendo: Slide!”) com confissão amorosa “minha vida é a sua, outra vez”. Tema: desejo conflituoso que flerta com autossabotagem, mas busca reconciliação. Figuras: intertextualidade/polêmica, antítese luz/sombra (“olhos verdes na escuridão”).
6) Particularmente
Tom confiante: “a vida é intensa e o amor já não me escapa”. O verso urbano “atravessando uma rua no coração do Brasil” abre leitura afeto-cívica: amor como experiência que também atravessa o país e suas ruas. Refrões de reconhecimento (“eu já não te estranho”) selam amadurecimento afetivo. Figuras: repetição afirmativa, metáfora de travessia.
7) Via Láctea
Poética cósmica com doçura: “grãos de areia… estrelas da Via Láctea”, “nebulosa de sal”. Homenagem-citação a Roberto Carlos e a Maiakovski (“Se o Sol nos abraça é porque gente é pra brilhar, e que tudo mais vá pro inferno”) coloca NAMI no cânone pop brasileiro, agora em chave espacial. Fecha em conforto: “Vem amor e me abraça… todo mal do mundo há de passar”. Tema: consolo cósmico e esperança. Figuras: metáfora astral, intertextualidade.
“Particularmente” — o primeiro videoclipe feito com IA no Brasil
“Particularmente”, da Banda Nami, é o primeiro videoclipe brasileiro criado com inteligência artificial, um marco que mistura sonho, amor e ficção científica. A obra flutua entre as dúvidas da vida cotidiana e o desejo de realizar o impossível — ter uma banda, conquistar a mulher amada e receber a visita de seres extraterrestres e filhos vindos de um sistema binário.
Com estética onírica e atmosfera pop digital, o clipe propõe um universo onde o poliamor e a vida interestelar convivem naturalmente, fundindo o humano e o artificial num mesmo gesto de criação e desejo.
📀 Ficha técnica
Artista: Banda Nami
EP: Viagem à Lua
Produção: Silnei L
Conceito visual: IA generativa (glitch/vaporwave)
Gênero: Pop Experimental / Indie Eletrônico / Neo-Romântico
Lançamento: 2025
Disponível em: Spotify, Deezer, Youtube Music, etc.
Notícias
Liah Soares transforma IA em poesia visual no clipe de “Amor pela Metade”, trilha de Três Graças
A veterana da música brasileira Liah Soares inaugura um novo capítulo na sua carreira com o lançamento do videoclipe de Amor pela Metade, single que integra a trilha sonora da novela Três Graças (TV Globo), tema amoroso dos personagens Viviane (Gabriela Loran) e Leonardo (Pedro Novaes).
Dirigido por Rafael Almeida e produzido pela RA7 Content, o clipe se destaca por um elemento que vem dominando conversas na cultura pop e no universo audiovisual: a inteligência artificial como ferramenta criativa. A produção abraça a IA não como substituta, mas como parceira na construção de um universo imagético onírico que dialoga com as camadas emocionais da canção e os dilemas dos personagens da trama.
A canção — lançada como single em plataformas digitais — explora a fragilidade e ambiguidade de um amor incompleto, e se beneficia do uso da IA para traduzir visualmente esse clima de sonho e metáfora. Segundo relatos sobre o processo, Liah passou por uma captura detalhada de expressões e movimentos, permitindo que a versão digital da artista mantivesse uma fidelidade sensível à performance real.
Para a paraense com mais de duas décadas de estrada, cujo repertório já foi gravado por gigantes da música popular brasileira e cuja voz já integrou diversas trilhas de novela, essa experiência com tecnologia representa mais um ponto de inflexão em uma carreira marcada pela mistura de tradição e invenção.
O videoclipe — visualmente ousado e tecnologicamente concebido — convida o público a repensar não apenas a forma como se constrói um vídeo musical, mas a própria relação entre sentimento e imagem na era digital. A música, já amplamente exibida nas cenas da novela, ganha agora sua extensão visual, reforçando a presença de Liah no centro das conversas sobre inovação artística no Brasil.
Assista:
Música
Ilaiyaraaja diz que “inteligência humana é artificial” e provoca reflexão sobre criatividade
Ícone da música indiana, o compositor Ilaiyaraaja voltou a desafiar nossos clichês sobre criatividade e tecnologia ao afirmar que “a própria inteligência humana é artificial” durante um encontro com a imprensa em Bengaluru. A declaração surgiu no anúncio do Music for Meals, um concerto beneficente agendado para 10 de janeiro, que celebra 50 anos de carreira do maestro e terá parte da renda revertida para a Fundação Akshaya Patra, que alimenta milhões de crianças na Índia.
Para Ilaiyaraaja — produtor de uma obra que atravessa décadas e gêneros, misturando tradição indiana com sofisticadas orquestrações — a noção de inteligência natural é uma miragem: tudo o que aprendemos é moldado por aquilo que nos foi pré-alimentado por educação, cultura e referências externas. “Não existe nada que aprendamos por conta própria”, disse ele aos jornalistas no templo ISKCON de Rajajinagar, reafirmando sua visão crítica sobre o impacto e o significado de sistemas como a inteligência artificial no fazer artístico.
Essa reflexão coloca Ilaiyaraaja — cuja discografia inclui milhares de canções e scores que reverberaram não apenas no cinema Tamil, mas em toda a música popular do subcontinente — na linha de artistas que não apenas dominam a técnica, mas provocam debates sobre o que realmente significa criar. Sua posição ressoa com discussões contemporâneas de filósofos e tecnólogos que questionam se a inteligência — humana ou sintética — não é simplesmente uma colcha de retalhos de experiências e aprendizagens prévias.
O concerto Music for Meals promete celebrar não apenas o legado musical de Ilaiyaraaja, mas também levantar questões fundamentais sobre arte, ensino e tecnologia — um debate que ecoa da música clássica ao código das máquinas.
Fonte: The Times of India
Música
Ascensão das Estrelas de IA: de Tilly Norwood a Xania Monet, o Futuro já Chegou — e Está Dividindo o Jogo da Cultura Pop
Um novo capítulo na história da música e do cinema digital está sendo escrito — e não é com atores de verdade. Figuras como Tilly Norwood e Xania Monet, artistas geradas inteiramente por inteligência artificial, estão atraindo contratos milionários, audiências massivas nas plataformas e uma reação visceral de críticos, sindicatos e artistas humanos.
Criada pela estúdio britânico Particle6, Tilly Norwood é uma atriz gerada por IA que ganhou atenção global após estrelar conteúdos online e despertar interesse de agentes de talento — ao ponto de ser apontada como a “próxima grande estrela digital”.
No universo da música, Xania Monet representa o lado sonoro dessa revolução. Desenvolvida com ferramentas de geração musical baseada em IA, sua voz e repertório levaram-na a assinar um contrato multimilionário com uma gravadora e até a aparecer em paradas de sucesso, mesmo sem existir no mundo físico.
Mas esse avanço é também um campo de batalha cultural.
Estrelas de Hollywood como Emily Blunt e Whoopi Goldberg chegaram a descrever a ascensão desses avatares digitais como “assustadora”, afirmando que o uso de IA pode corroer a conexão humana essencial ao entretenimento. A poderosa organização SAG-AFTRA, que representa mais de 160 mil profissionais do setor, lançou duras críticas à ideia de tratar entidades geradas por algoritmos como performers reais.
Do lado dos criadores, os argumentos são quase filosóficos: para eles, personagens como Tilly e Xania não substituem artistas humanos — eles expandem as fronteiras narrativas e criativas, introduzindo novas ferramentas à cultura pop. A desenvolvedora de Tilly, por exemplo, enfatiza que a personagem foi pensada para existir em um “gênero de entretenimento IA” próprio, e não como substituta de talentos de carne e osso.
No entanto, o debate não se limita ao campo artístico. A presença cada vez maior dessas “estrelas sintéticas” levanta questões profundas sobre autenticidade, conexão emocional com o público, direitos de personalidade e os riscos de padronização de beleza e expressão — especialmente quando avatares se tornam marcas e produtos.
Enquanto alguns veem a ascensão dos astros de IA como um divisor de águas tecnológico, outros alertam que a indústria precisa urgentemente de normas e limites claros para preservar a singularidade da experiência humana no entretenimento. A pergunta que fica, para músicos, cineastas e fãs, é uma só: o que realmente consideramos arte — e quem merece ser chamado de artista?
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