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Música

“Ela me traz à vida”: como surgiu a artista de IA Xania Monet

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Xania Monet

Quando se ouve pela primeira vez os vocais sedosos de Xania Monet, é fácil acreditar que se trata de uma cantora com uma história de vida dolorosa traduzida em R&B arrojado — até descobrirmos o “truque”. Porque, por trás dessa voz que conquistou o rádio, está a criadora e mente humana Telisha “Nikki” Jones, de 31 anos, do Mississippi — e um sofisticado arranjo de inteligência artificial.

Da dor verdadeira ao hit de rádio

Jones não era cantora antes de Xania Monet — ela era uma comunicadora autodidata em IA, descobrindo o universo das ferramentas de criação musical generativa há apenas quatro meses.

O que ela tinha, entretanto, eram poemas — íntimos, cruéis e autobiográficos. O luto pela perda do pai aos 8 anos virou letra de música: “How Was I Supposed to Know?” surge desse lugar.

Ela transforma esses poemas em faixas completíssimas: insere os versos no app de geração musical com prompt para “soul feminino com guitarra leve e bateria pesada”, escolhe o tom, alt, arranjo — e lança. “Estou apenas fazendo o que amo e misturando com tecnologia”, ela diz.

Revolução ou trap?

O timing não podia ser mais explosivo: Xania Monet já figura em pelo menos cinco charts da Billboard, e foi anunciada como a “primeira artista de IA conhecida a conquistar tanto airplay rádio” segundo a Billboard.

Ela assinou um contrato milionário com a gravadora Hallwood Media — o que confirma que o mercado vê nessa proposta algo além de experimento.

Mas nem todos celebram: artistas como Kehlani expressaram abertamente que não respeitam o uso de IA como substituto à arte humana.

Jones responde sem rodeios: “Tecnologia está evoluindo… cada um põe seu trabalho para chegar onde está”.

E sublinha: ela não está escondida atrás de uma “avatar branca” ou neutra. “Eu sou Telisha. Sou uma mulher negra; sou criadora; sou empreendedora; eu criei Xania.”

Por que isso importa para a cena musical

Porque esse flagra — essa sobreposição entre “artista humana” e “criador + IA” — trará implicações profundas:

  • Abre caminho para vozes que antes não entravam no sistema tradicional — acessibilidade e subversão juntas.
  • Provoca o mercado: se técnica não é tudo, talvez carisma + instinto sejam o novo “virtuosismo”. Como afirma a Hallwood: “sabor e instinto sempre importaram mais que destreza técnica, e agora vemos isso em tempo real”.
  • Reabre o debate sobre autoria, cultura e identidade: quem “é” a artista? Quem recebe crédito? Quem lucra?

Curiosidade MVAI:

  • Os prompts que Jones usou — “ritmo R&B lento”, “vocal feminino soul”, “guitarra leve e bateria pesada” — trazem à mente um ritual de estúdio reinventado digitalmente.
  • Apesar de não cantar, Jones garante “100% da letra é minha”. O que coloca o debate na zona cinzenta entre voz humana e corpo de robô.
  • A execução: em quatro meses, domínio de IA + lançamento comercial + hit em rádio. Um tempo que, para o mundo tradicional da música, é de “flash”.
  • Para a MVAI, seguimos atentos: se Xania Monet representa “o futuro da música”, como afirma a Hallwood, então esse futuro talvez esteja batendo à porta. 🎤✨
  • Fiquem ligados.
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Música

Nasi é o primeiro artista renomado do Brasil a lançar um álbum feito com IA

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nAsI – Artificial Intelligence

O cantor Nasi, da banda Ira! vai lançar o primeiro álbum brasileiro (de um artista renomado), concebido com auxílio de inteligência artificial. O “nAsI – Artificial Intelligence”, reúne seis faixas baseadas em composições de sua própria carreira solo e será disponibilizado nas plataformas digitais a partir de 23 de janeiro, data em que o artista completa 64 anos.

“Alguns vão jogar pedras, mas não estou nem aí”, afirma o cantor, ao antecipar polêmica sobre o uso de tecnologia no processo artístico. Uma parte do meio musical é reticente ao uso da IA. Essa parte está centrada na “defesa da criação humana” e no debate sobre direitos autorais nas obras geradas com auxílio da IA.

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Nasi em show do Ira! em 2023 | Foto: Fabio Giannelli

“Corpo Fechado”, “Feitiço na Rua 23”, “Ogum”, “Polvo em Los Ojos (Poeira nos Olhos)”, “Perigoso” e “Alma Noturna” são músicas feitas por Nasi em sua carreira solo e foram as escolhidas para o “nAsI – Artificial Intelligence”.

A interface das ideias do artista com as plataformas de IA foi feita com a ajuda do músico Augusto Junior. A cantora Nanda Moura está no vocal de “Alma Noturna”, já o guitarrista Johnny Boy está numa segunda voz de “Perigoso”. Dois instrumentistas tocando trompete e violoncelo participam de duas faixas.

Também em janeiro será lançado um single, com um videoclipe também feito com IA. Será uma versão de “Corpo Fechado”, escrita em 1986.

“Não sou contra o pagamento de direitos e estou pronto para fazer isso se alguém reclamar, mas o que a IA está fazendo é o que sempre fizemos quando dizíamos ‘vamos compor um rock tipo Led Zeppelin? Vamos fazer um blues tipo Chicago?’ O Ira! está cheio de referências do The Who. Você acha que eles pensaram em nos processar por isso?”, comenta em publicação no portal MSN.

Mesmo explorando a perfeição técnica da IA, o artista ressalta que as “imperfeições” humanas têm valor: “Há certos defeitos e sujeiras que, na minha opinião, tornam a música mais humana. Ser perfeito demais pode desumanizar a canção e torná-la robótica.” Segundo Nasi, o ideal seria um projeto híbrido: a mistura entre IA, arranjadores e músicos, todos trabalhando juntos.

Nasi também divulgou a notícia em seu perfil oficial no Instagram.
A imagem que abre o post é de Reprodução do perfil oficial do Ira! no Instagram.

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Música

Maestro, da Beatoven.ai: IA musical com pagamento de royalties e dataset 100% licenciado

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Maestro Beatoven

A startup indiana propõe um sistema que promete resolver um dos pontos mais sensíveis da IA musical: como treinar modelos sem violar direitos e ainda remunerar artistas.

A Beatoven.ai, startup indiana especializada em IA musical, lançou o Maestro (em agosto de 2025) “novidade” que começa a ganhar atenção no debate brasileiro sobre modelos generativos e direitos autorais.
A empresa afirma ter construído o primeiro modelo base treinado integralmente com datasets licenciados e estruturado para pagar royalties recorrentes a artistas cujas obras contribuírem para cada geração.

A Beatoven.ai explica que essa abordagem é resultado de um processo iniciado em 2021, quando desenvolveu um sistema baseado em regras e treinado com um conjunto menor de músicas autorizadas. A tecnologia tinha limitações, mas serviu como prova de conceito para um modelo de grande porte construído sem coleta indiscriminada de catálogos.

O que é o Maestro Beatoven

O Maestro é um gerador de música instrumental e efeitos sonoros controlado por texto. O modelo produz faixas com taxa de amostragem de 44.1 kHz, permite determinar instrumentação, andamento, tonalidade e gênero, e pode gerar peças com duração solicitada de até 2min30.

Segundo a empresa, os dados de treinamento vêm inteiramente de parcerias formais com Rightsify, Soundtrack Loops, Symphonic Distribution, Bobby Cole, Vadi Sound e Pro Sound Effects. A Musical AI é a responsável pela rastreabilidade e pela administração das licenças, apontando quais obras influenciam cada saída para viabilizar o pagamento proporcional de royalties.

Entre as capacidades divulgadas estão:

– geração rápida e estável;
– suporte a múltiplos gêneros (jazz, rock, latina, ambient, cinematográfica, house, techno etc.);
– controle criativo detalhado por comando de texto;
– faixas liberadas para uso comercial;
– mecanismo interno de rastreamento e compartilhamento de receita.

A promessa de um “modelo justo”

Em comunicado à imprensa, a Musical AI afirmou:

“Estamos mostrando como um acordo justo de IA deve funcionar: atribuição, respeito aos direitos e pagamentos contínuos sempre que uma obra humana contribuir para um resultado.”

A fala ganha relevância neste momento, já que o setor musical enfrenta pressões jurídicas crescentes e questionamentos sobre datasets usados por ferramentas concorrentes.

Criar sem copiar

O CEO da Beatoven.ai, Mansoor Rahimat Khan, defende que o Maestro não busca apenas reproduzir padrões humanos, mas ampliar o campo criativo:

“A maioria das ferramentas tenta copiar os humanos. A IA deveria criar sons que nunca ouvimos antes. As ‘alucinações’ dos modelos não são falhas, mas características.”

A visão se alinha ao aumento global do debate sobre criatividade generativa e originalidade de modelos musicais.

Para quem o Maestro importa agora

Para podcasters, cineastas independentes, desenvolvedores de jogos e criadores que precisam de trilhas livres para uso comercial, o Maestro tenta resolver três problemas recorrentes:

– licenciamento complexo;
– risco jurídico ao usar bibliotecas de procedência incerta;
– dificuldade em encontrar trilhas realmente sob medida.

Ao gerar faixas com uso comercial liberado e compensação rastreável aos artistas, o modelo tenta se posicionar como uma alternativa mais segura — e agora, três meses depois do lançamento, encontra um cenário brasileiro mais atento às discussões sobre ética de treinamento e direitos autorais na IA.

📖 Glossário rápido (para entender o básico) 📖

Dataset
Conjunto de dados usado para treinar uma IA. Pode incluir músicas, imagens, textos, vídeos ou qualquer conteúdo necessário para ensinar o modelo.

Treinamento
Etapa em que a IA “aprende” analisando milhares (ou milhões) de exemplos presentes no dataset para identificar padrões e gerar novos resultados.

Scraping
Coleta automática de conteúdo da internet por robôs. Muitas empresas usam scraping para pegar músicas, textos ou imagens sem pedir autorização — o que gera debates sobre direitos autorais.

Modelo de IA (ou modelo base)
A “máquina” que aprende com os dados. Depois de treinado, é o modelo que cria músicas, textos, imagens ou sons a partir de comandos.

Rastreabilidade
Capacidade de identificar quais obras foram usadas no treinamento e quais influenciaram cada resultado gerado pela IA.

Royalties
Pagamentos feitos aos artistas ou detentores de direitos quando suas obras são usadas ou contribuem para uma nova criação.

Com informações de Beatoven.ai.

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Música

Velvet 21: hologramas, máquinas e um coração que insiste em bater

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Velvet21

A Velvet 21 é mais que uma banda criada com inteligência artificial: é um experimento artístico brasileiro que vive na fronteira entre ciência, ficção futura e sensibilidade humana. Sua estética — holográfica, high-tech, povoada de texturas digitais e atmosfera cyberpunk — não é enfeite: é parte do manifesto. Cada luz, cada glitch, cada rosto sintético expõe uma pergunta essencial sobre tecnologia, criação e humanidade.

Ao descobrir que os quatro integrantes são inteiramente gerados por IA, a dúvida surge naturalmente: “a máquina está compondo e dirigindo tudo sozinha?”.

A resposta é categórica: não.

A Velvet 21 nasce de direção humana intensa. A máquina responde — mas quem pergunta, seleciona, combina, reescreve e transforma é o criador. Como explica o idealizador do projeto, o físico e produtor Ueslei Reis, a banda é sua tentativa de usar a IA não para imitar pessoas, mas para revelar algo que só o olhar humano percebe.

Nada ali é “clicar e publicar”.
O processo criativo é um ecossistema manual, híbrido e artesanal:

Composição – As letras são escritas por Ueslei, muitas vezes em parceria com sua esposa, Amanda Moreira. As versões musicais passam por múltiplas reescritas em plataformas como Suno.ai, que geram dezenas de variações até o arranjo final.

Identidade visual – Os integrantes da banda nascem de uma combinação das seguintes IA’s Qwen Image, NanoBanana, Flux Kontext e ChatGPT, seguida de edições minuciosas em Canva e processos de face-swap para manter coerência estética.

Videoclipes – As cenas são geradas em ferramentas como Kling e Google Veo, mas o resultado bruto é apenas a base. Ueslei reordena takes, reconstrói quadros, sincroniza cortes e refina a narrativa visual quadro a quadro.

Expressão humana – Tecnologias de lip sync e face swap (DreamAPI, SeaArt) evitam o “vale da estranheza” e garantem performances emocionalmente críveis.

Pós-produção – No Vegas Pro, efeitos e coesão visual são aplicados com presets próprios, desenvolvidos pelo criador para unificar movimento de câmera, luz e atmosfera.

A Velvet 21 também faz da IA um espelho crítico. Em faixas como Pesadelo Multimodal e Motores Invisíveis, a banda questiona algoritmos, poder e a falsa neutralidade tecnológica. A IA não é celebrada: é tensionada.

O resultado é uma obra que afirma: o futuro da criação não é máquina ou humano — é humano com máquina. A emoção continua sendo a métrica final.

Os clipes “Livre da Queda”, “Força Programada”, “Luz de Neon” e “Motores Invisíveis” já estão no YouTube, assim como o ultimo “Pesadelo Multimodal”, disponível no canal UReis AI Songs.

Assista:


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