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“Fake Music” e a Revolução da Música com Inteligência Artificial
O canal brasileiro que inspirou uma nova geração de criadores e deu início a uma onda mundial de versões musicais feitas por IA
Um fenômeno que nasceu no Brasil
Criado no Brasil, o “Fake Music” se tornou o marco zero de uma transformação no modo como a música é reinterpretada na era digital. O canal popularizou o uso da IA para recriar faixas consagradas — como Back in Black e Highway to Hell do AC/DC e Paradise City do Guns N’ Roses — em estilos como soul, funk e R&B. O resultado foi a formação de uma nova cena internacional, na qual produtores independentes utilizam algoritmos para explorar o que teria acontecido se o rock clássico tivesse nascido nas gravadoras da Motown.
O canal surgiu no YouTube com um formato simples — vídeos de capa estática e arranjos soul/funk de clássicos do rock e do pop — e rapidamente conquistou um público fiel.
Hoje o Fake Music conta com cerca de 123 mil inscritos no Youtube e mais de 311 mil ouvintes mensais no Spotify, além de um público global que acompanha suas versões originais e suas experimentações com timbres e vozes geradas por IA. O canal do Youtube já ultrapassou a marca dos 9 milhões de visualizações em poucos meses.
A expansão do formato: uma nova cena musical digital
O sucesso do Fake Music deu origem a uma constelação de canais que adotaram a mesma lógica: reinterpretar o passado com tecnologia de ponta.
Mas o movimento não se limitou ao soul.
Hoje existem versões latinas, pop, lo-fi, experimentais e até grunge — todas criadas com o mesmo princípio: usar IA para imaginar como outras eras ou estilos poderiam soar.
Abaixo, uma lista com alguns dos canais que representam o fenômeno:
Fake Music
youtube.com/@FakemusicBr
Canal pioneiro. Reinterpreta clássicos do rock em versões soul/funk com vocais gerados por IA.
Ai Music Brasil
youtube.com/@AiMusicPrime
É remix, é reboot, é rebeldia sonora. Letras que você já conhece — em versões e universos musicais que você nunca ouviu.
Almost Real
youtube.com/@realalmostreal
Canal norte-americano que aplica o estilo Motown a hits do pop e do rap.
Fake Golden Hits
youtube.com/@FakeGoldenHits
Reinterpreta “grandes sucessos dourados” com textura retrô e som de fita magnética.
Soul’d Out
www.youtube.com/@SouldOutRap
Reimagina clássicos do gangsta rap em versões de soul, jazz e blues dos anos 1950.
Fita Destruída
www.youtube.com/@FITADESTRUÍDA
Canal brasileiro que transforma MPB, sertanejo e outros gêneros nacionais em subgêneros do metal — do nu ao doom, do groove ao prog.
Fake Tunes
https://www.youtube.com/@FAKETUNES-f6n
Combina soul clássico e synthpop moderno. Representa a vertente mais pop do movimento.
Fake Music Lab
www.youtube.com/@FakeMusicLab
Laboratório experimental focado em texturas de som IA e manipulação vocal.
GrungeAI
youtube.com/@GrungeAis
Faz versões com grunge e Indie.
Imagine
youtube.com/@Imagine-k6o
Transformações criativas de bandas reais, reimaginadas em estilos inesperados como reggae, jazz ou grunge.
O impacto dessa nova estética
Esses canais não são apenas produtos de algoritmos — são uma forma de reimaginar a história da música.
Enquanto alguns soam como exercícios criativos, outros beiram o profissionalismo de estúdio.
Juntos, formam uma rede global de artistas e programadores independentes que usam IA para explorar o que poderia ter sido — e o que ainda pode ser.
O fenômeno também desperta debates:
- Até que ponto essas versões configuram obra derivada?
- É necessário autorização para usar vozes sintéticas que soam como as de artistas reais?
- E o mais importante: o público se importa?
As respostas ainda estão sendo construídas. Mas uma coisa já é certa — essa cena não é passageira.
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IA na Billboard: presença semanal revela virada histórica da indústria musical
Toda semana, sem exceção, aparece ao menos um “artista” criado por inteligência artificial que entra nos rankings da Billboard. E sim — isso está ocorrendo com maior frequência do que você imagina.
O portal Futurism reporta que pelo menos um “artista” ou colaborador de IA entrou nos charts da Billboard nas últimas quatro semanas consecutivas.
Um dos casos mais comentados: Xania Monet — avatar de IA criado pela compositora Mississippi Telisha “Nikki” Jones, usando o app Suno.
Outro nome: Juno Skye, descrito como “artista movido a IA” produzido por Nguyen Duc Nam.
Dados esses exemplos, fica claro que o “artista” agora pode nem existir no sentido tradicional. Gravadoras se mobilizam, disputas de milhões surgem — como no caso de Xania Monet, que teria gerado leilão de gravadoras com ofertas chegando a US$ 3 milhões.
Claro, não é só diversão: há implicações éticas. Apps como Suno e Udio, usados para gerar música por IA, foram acusados de treinar modelos com obras com direitos autorais, o que ainda não foi comprovado.
E plataformas de streaming como Spotify enfrentam “invasão” de conteúdo gerado por IA.
No fim das contas, a inteligência artificial não é um inimigo da arte — é um novo tipo de instrumento, uma extensão da imaginação humana. Por trás de cada “artista” de IA listado na Billboard, ainda há alguém escrevendo, escolhendo palavras, sonoridades e emoções. A máquina não cria sozinha: ela responde a um gesto humano, a uma intenção estética.
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Enlly Blue: a diva “soul-blues” feita por IA que chegou às paradas
Por que prestar atenção: lançada como um projeto de soul/blues com estética vintage e voz “aveludada”, Enlly Blue é um avatar musical cuja voz é gerada por inteligência artificial e a produção é assinada pelo compositor vietnamita Thong Viet. Mesmo assim — ou por causa disso — ela já aparece nas métricas que importam: paradas da Billboard, milhões de plays e picos no Shazam.
Quem é (e quem não é) Enlly Blue
Enlly Blue não é uma cantora “de carne e osso”, mas um projeto conduzido por Thong Viet (também creditado como Thong Viet Thong/Nguyễn Viết), que escreve, produz e lança canções com vocais sintéticos. Créditos detalhados em lojas como a Apple Music listam Viet como compositor e produtor — um indicador claro da engenharia por trás do avatar. Em redes como X (ex-Twitter) e discussões de comunidade, fãs e criadores têm desvendado publicamente essa arquitetura de bastidores.
Dos algoritmos às paradas
Em outubro, a faixa “Through My Soul” entrou na Rock Digital Song Sales e impulsionou o projeto ao Top 50 do ranking Emerging Artists, segundo a Billboard — uma referência que também foi repercutida por Forbes e Digital Music News. Esses veículos destacam que “Through My Soul” alcançou o nº 15 em vendas digitais de rock e que Enlly Blue debutou no nº 44 entre os Artistas Emergentes, sinalizando que atos gerados por IA vêm “subindo” nos charts semana após semana.
Tráfego real: streams e Shazam
Nos serviços, a performance é tangível: “Through My Soul” supera 8 milhões de reproduções no Spotify (e segue crescendo); no Shazam, o perfil do projeto celebrou a entrada no Global Chart por volta da posição #108, um marco raro para um avatar recém-nascido.
O som: blues polido com verniz de 1950
Esteticamente, Enlly Blue oferece um “retro-soul” hipnótico: timbres quentes, brushes de bateria, contrabaixo redondo e arranjos que flertam com o clima dos nightclubs dos anos 50 — linguagem reforçada por playlists oficiais no YouTube com o selo “1950 Style / Soul Blue Icon” e por capas monocromáticas que emulam fotografia analógica.
Discografia de referência
Os perfis em Spotify e Apple Music exibem álbuns e EPs como Softly Floating, Silent Street Sound e The Quiet Kind of Blue, além de singles como “Rust & Roses” e “The Weary Blues” — peças que consolidam a assinatura soul-blues com narrativa romântica e atmosfera cinematográfica.
Transparência, fascínio e ceticismo
A rápida ascensão também trouxe desconfiança e debates: criadores e ouvintes relatam terem sido “enganados” pela verossimilhança do timbre e pela estética “clássica”, antes de descobrirem a natureza sintética da vocalista. Esse efeito “uncanny” virou parte da conversa cultural em posts de X, Reddit e Facebook — e coloca o projeto no centro da discussão sobre rótulos, disclosure e detecção de IA em plataformas musicais.
Por que Enlly Blue importa
- Evidência de tração comercial: a presença simultânea em paradas da Billboard e milhões de plays indica demanda real por produtos musicais com voz sintetizada, para além do hype. 2) Novo pacto estético: o “vintage-futurista” de Enlly Blue mostra como narrativas retro e tecnologias generativas se retroalimentam no mercado. 3) Pressão regulatória/ética: a cada pico de visibilidade, cresce a cobrança por padrões de rotulagem e verificação (inclusive com ferramentas de detecção citadas por veículos que acompanharam a estreia nos charts).
Faixas essenciais para começar
- “Through My Soul” — o cartão de visitas que levou Enlly Blue às paradas. YouTube
- “Rust & Roses” — balada soul-blues com vocais etéreos e arranjo de câmera lenta. YouTube
- Álbum The Quiet Kind of Blue — consolida o mood noturno do projeto.
Serviço
- Spotify/Apple Music/YouTube: catálogo oficial disponível; procure por Enlly Blue. Spotify+2Apple Music – Web Player+2
Nota do Redação: este texto foi elaborado com base em fontes em inglês e checagens em plataformas de música e mídia — Billboard, Forbes, Digital Music News, lojas/players oficiais e discussões públicas em redes. As métricas (charts/streams) oscilam ao longo das semanas; números citados refletem os registros disponíveis no momento da apuração.
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IA na música: gravadoras numa “zona de perigo”, diz Barclays
A revolução da inteligência artificial está batendo à porta da indústria musical — e segundo Barclays, as grandes gravadoras podem estar prestes a entrar numa verdadeira “zona de perigo”. Com a geração automática de música cada vez mais refinada, o jogo muda – e as regras antigas não bastam mais.
A corretora britânica alertou que o avanço da tecnologia generativa representa riscos crescentes para o setor global de música, afirmando que empresas tradicionais de fonograma podem enfrentar “receitas de uso em risco, perda de participação de mercado”, enquanto possuem “oportunidades limitadas de crescimento se não se adaptarem rápido”.
O relatório cita três vetores de mudança principais: (1) a qualidade das músicas produzidas por IA melhorou significativamente; (2) a IA está abrindo a produção musical para cerca de 300 milhões de criadores que antes não tinham competências musicais — o que amplia dramaticamente a base de competição; (3) a pirataria, por sua vez, está se sofisticando.
Na prática, o Barclays projetou cenários preocupantes. No pior dos cenários, as gravadoras poderiam perder até 50% de suas receitas de uso e 10% de participação de mercado — o que reduziria o EBITDA da Universal Music Group (UMG) em cerca de 13% e o da Warner Music Group (WMG) em cerca de 18%. Um cenário mais moderado falava em declínio de ~1% para a UMG e ~4% para a WMG. Já no cenário mais otimista — baseado em acordos de licenciamento e produtos para superfãs — poderia haver expansão de até 17% no EBITDA para ambas.
O Barclays também apontou que a ascensão de artistas gerados por IA, como Enlly Blue, Xania Monet e Blow Records — todos com milhões de ouvintes online — evidencia uma erosão da fronteira entre “música humana” e “música de máquina”.
Além disso, a pirataria alimentada por IA preocupa: segundo o relatório, a Deezer relatou que 28% dos uploads diários de músicas eram completamente gerados por IA, com até 70% dessas transmissões categorizadas como fraudulentas. Já a Spotify retirou mais de 75 milhões de “faixas de spam” no último ano.
Porém, nem tudo é negação. O relatório do Barclays também vê oportunidades — por exemplo, nas receitas advindas de licenciamento de conteúdo gerado por IA e na criação de plataformas para superfãs com remixes personalizados, mash-ups e experiências hiper-ativadas.
Segundo o CEO da UMG, Sir Lucian Grainge, “a IA tem o potencial de oferecer ferramentas criativas que nos permitirão conectar nossos artistas com seus fãs de novas maneiras”. O Barclays, por seu turno, ressalta: “é muito cedo para ser definitivo, então a execução será fundamental, já que o status quo seria negativo”. O ano de 2026, diz a análise, será crucial para ver quem garante a dianteira: desenvolvedores de tecnologia, artistas ou gravadoras.
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