Música
Nasi é o primeiro artista renomado do Brasil a lançar um álbum feito com IA
O cantor Nasi, da banda Ira! vai lançar o primeiro álbum brasileiro (de um artista renomado), concebido com auxílio de inteligência artificial. O “nAsI – Artificial Intelligence”, reúne seis faixas baseadas em composições de sua própria carreira solo e será disponibilizado nas plataformas digitais a partir de 23 de janeiro, data em que o artista completa 64 anos.
“Alguns vão jogar pedras, mas não estou nem aí”, afirma o cantor, ao antecipar polêmica sobre o uso de tecnologia no processo artístico. Uma parte do meio musical é reticente ao uso da IA. Essa parte está centrada na “defesa da criação humana” e no debate sobre direitos autorais nas obras geradas com auxílio da IA.

“Corpo Fechado”, “Feitiço na Rua 23”, “Ogum”, “Polvo em Los Ojos (Poeira nos Olhos)”, “Perigoso” e “Alma Noturna” são músicas feitas por Nasi em sua carreira solo e foram as escolhidas para o “nAsI – Artificial Intelligence”.
A interface das ideias do artista com as plataformas de IA foi feita com a ajuda do músico Augusto Junior. A cantora Nanda Moura está no vocal de “Alma Noturna”, já o guitarrista Johnny Boy está numa segunda voz de “Perigoso”. Dois instrumentistas tocando trompete e violoncelo participam de duas faixas.
Também em janeiro será lançado um single, com um videoclipe também feito com IA. Será uma versão de “Corpo Fechado”, escrita em 1986.
“Não sou contra o pagamento de direitos e estou pronto para fazer isso se alguém reclamar, mas o que a IA está fazendo é o que sempre fizemos quando dizíamos ‘vamos compor um rock tipo Led Zeppelin? Vamos fazer um blues tipo Chicago?’ O Ira! está cheio de referências do The Who. Você acha que eles pensaram em nos processar por isso?”, comenta em publicação no portal MSN.
Mesmo explorando a perfeição técnica da IA, o artista ressalta que as “imperfeições” humanas têm valor: “Há certos defeitos e sujeiras que, na minha opinião, tornam a música mais humana. Ser perfeito demais pode desumanizar a canção e torná-la robótica.” Segundo Nasi, o ideal seria um projeto híbrido: a mistura entre IA, arranjadores e músicos, todos trabalhando juntos.
Nasi também divulgou a notícia em seu perfil oficial no Instagram.
A imagem que abre o post é de Reprodução do perfil oficial do Ira! no Instagram.
Música
Maestro, da Beatoven.ai: IA musical com pagamento de royalties e dataset 100% licenciado
A startup indiana propõe um sistema que promete resolver um dos pontos mais sensíveis da IA musical: como treinar modelos sem violar direitos e ainda remunerar artistas.
A Beatoven.ai, startup indiana especializada em IA musical, lançou o Maestro (em agosto de 2025) “novidade” que começa a ganhar atenção no debate brasileiro sobre modelos generativos e direitos autorais.
A empresa afirma ter construído o primeiro modelo base treinado integralmente com datasets licenciados e estruturado para pagar royalties recorrentes a artistas cujas obras contribuírem para cada geração.
A Beatoven.ai explica que essa abordagem é resultado de um processo iniciado em 2021, quando desenvolveu um sistema baseado em regras e treinado com um conjunto menor de músicas autorizadas. A tecnologia tinha limitações, mas serviu como prova de conceito para um modelo de grande porte construído sem coleta indiscriminada de catálogos.
O que é o Maestro Beatoven
O Maestro é um gerador de música instrumental e efeitos sonoros controlado por texto. O modelo produz faixas com taxa de amostragem de 44.1 kHz, permite determinar instrumentação, andamento, tonalidade e gênero, e pode gerar peças com duração solicitada de até 2min30.
Segundo a empresa, os dados de treinamento vêm inteiramente de parcerias formais com Rightsify, Soundtrack Loops, Symphonic Distribution, Bobby Cole, Vadi Sound e Pro Sound Effects. A Musical AI é a responsável pela rastreabilidade e pela administração das licenças, apontando quais obras influenciam cada saída para viabilizar o pagamento proporcional de royalties.
Entre as capacidades divulgadas estão:
– geração rápida e estável;
– suporte a múltiplos gêneros (jazz, rock, latina, ambient, cinematográfica, house, techno etc.);
– controle criativo detalhado por comando de texto;
– faixas liberadas para uso comercial;
– mecanismo interno de rastreamento e compartilhamento de receita.
A promessa de um “modelo justo”
Em comunicado à imprensa, a Musical AI afirmou:
“Estamos mostrando como um acordo justo de IA deve funcionar: atribuição, respeito aos direitos e pagamentos contínuos sempre que uma obra humana contribuir para um resultado.”
A fala ganha relevância neste momento, já que o setor musical enfrenta pressões jurídicas crescentes e questionamentos sobre datasets usados por ferramentas concorrentes.
Criar sem copiar
O CEO da Beatoven.ai, Mansoor Rahimat Khan, defende que o Maestro não busca apenas reproduzir padrões humanos, mas ampliar o campo criativo:
“A maioria das ferramentas tenta copiar os humanos. A IA deveria criar sons que nunca ouvimos antes. As ‘alucinações’ dos modelos não são falhas, mas características.”
A visão se alinha ao aumento global do debate sobre criatividade generativa e originalidade de modelos musicais.
Para quem o Maestro importa agora
Para podcasters, cineastas independentes, desenvolvedores de jogos e criadores que precisam de trilhas livres para uso comercial, o Maestro tenta resolver três problemas recorrentes:
– licenciamento complexo;
– risco jurídico ao usar bibliotecas de procedência incerta;
– dificuldade em encontrar trilhas realmente sob medida.
Ao gerar faixas com uso comercial liberado e compensação rastreável aos artistas, o modelo tenta se posicionar como uma alternativa mais segura — e agora, três meses depois do lançamento, encontra um cenário brasileiro mais atento às discussões sobre ética de treinamento e direitos autorais na IA.
📖 Glossário rápido (para entender o básico) 📖
Dataset
Conjunto de dados usado para treinar uma IA. Pode incluir músicas, imagens, textos, vídeos ou qualquer conteúdo necessário para ensinar o modelo.
Treinamento
Etapa em que a IA “aprende” analisando milhares (ou milhões) de exemplos presentes no dataset para identificar padrões e gerar novos resultados.
Scraping
Coleta automática de conteúdo da internet por robôs. Muitas empresas usam scraping para pegar músicas, textos ou imagens sem pedir autorização — o que gera debates sobre direitos autorais.
Modelo de IA (ou modelo base)
A “máquina” que aprende com os dados. Depois de treinado, é o modelo que cria músicas, textos, imagens ou sons a partir de comandos.
Rastreabilidade
Capacidade de identificar quais obras foram usadas no treinamento e quais influenciaram cada resultado gerado pela IA.
Royalties
Pagamentos feitos aos artistas ou detentores de direitos quando suas obras são usadas ou contribuem para uma nova criação.
Música
Velvet 21: hologramas, máquinas e um coração que insiste em bater
A Velvet 21 é mais que uma banda criada com inteligência artificial: é um experimento artístico brasileiro que vive na fronteira entre ciência, ficção futura e sensibilidade humana. Sua estética — holográfica, high-tech, povoada de texturas digitais e atmosfera cyberpunk — não é enfeite: é parte do manifesto. Cada luz, cada glitch, cada rosto sintético expõe uma pergunta essencial sobre tecnologia, criação e humanidade.
Ao descobrir que os quatro integrantes são inteiramente gerados por IA, a dúvida surge naturalmente: “a máquina está compondo e dirigindo tudo sozinha?”.
A resposta é categórica: não.
A Velvet 21 nasce de direção humana intensa. A máquina responde — mas quem pergunta, seleciona, combina, reescreve e transforma é o criador. Como explica o idealizador do projeto, o físico e produtor Ueslei Reis, a banda é sua tentativa de usar a IA não para imitar pessoas, mas para revelar algo que só o olhar humano percebe.
Nada ali é “clicar e publicar”.
O processo criativo é um ecossistema manual, híbrido e artesanal:
Composição – As letras são escritas por Ueslei, muitas vezes em parceria com sua esposa, Amanda Moreira. As versões musicais passam por múltiplas reescritas em plataformas como Suno.ai, que geram dezenas de variações até o arranjo final.
Identidade visual – Os integrantes da banda nascem de uma combinação das seguintes IA’s Qwen Image, NanoBanana, Flux Kontext e ChatGPT, seguida de edições minuciosas em Canva e processos de face-swap para manter coerência estética.
Videoclipes – As cenas são geradas em ferramentas como Kling e Google Veo, mas o resultado bruto é apenas a base. Ueslei reordena takes, reconstrói quadros, sincroniza cortes e refina a narrativa visual quadro a quadro.
Expressão humana – Tecnologias de lip sync e face swap (DreamAPI, SeaArt) evitam o “vale da estranheza” e garantem performances emocionalmente críveis.
Pós-produção – No Vegas Pro, efeitos e coesão visual são aplicados com presets próprios, desenvolvidos pelo criador para unificar movimento de câmera, luz e atmosfera.
A Velvet 21 também faz da IA um espelho crítico. Em faixas como Pesadelo Multimodal e Motores Invisíveis, a banda questiona algoritmos, poder e a falsa neutralidade tecnológica. A IA não é celebrada: é tensionada.
O resultado é uma obra que afirma: o futuro da criação não é máquina ou humano — é humano com máquina. A emoção continua sendo a métrica final.
Os clipes “Livre da Queda”, “Força Programada”, “Luz de Neon” e “Motores Invisíveis” já estão no YouTube, assim como o ultimo “Pesadelo Multimodal”, disponível no canal UReis AI Songs.
Assista:
Música
Os Caipiras Contra a IA: A Mesma Briga de Sempre em Novos Formatos
Caipiras: Os autênticos, da roça, das delícias do campo e da simplicidade. Estes nós amamos.
Agora, os caipiras do asfalto, dos centros urbanos, aqueles que acham que sabem de tudo e não precisam aprender mais nada. Que tem orgulho da própria ignorância e vivem regurgitando burrices sem fim. Esse prompt é para os caipiras da música, e não são os sertanejos.
Toda vez que a arte dá um passo adiante, alguém imediatamente cruza os braços, franze a testa e declara:
“Isso aí não é arte!”
A humanidade é tão previsível que dá até para criar um calendário das revoltas tecnológicas. E hoje, quem ocupa o “lugar de inimigo oficial da civilização” é a Inteligência Artificial.
Mas a treta é velha. Muito velha.
Vamos fazer o tour histórico dessa caipiragem atemporal.
1. Quando o artista bom usava… ovo
Antes da tinta a óleo, o artista raiz pintava com têmpera de ovo: gema + pigmento de pedra moída + água. Uma técnica que secava tão rápido que parecia feita para artistas que não piscam.
Um exemplo clássico?
“O Nascimento de Vênus” (1485), de Botticelli — uma obra inteira criada com essa alquimia culinária da Renascença.

Quando surgiu a tinta a óleo, permitindo esfumaçamento, correções, camadas e brilho?
A caipirada medieval gritou:
“Isso facilita demais, isso NÃO é arte!”
Resultado: a tinta a óleo virou o padrão global. A têmpera não morreu, mas virou nicho.
E ninguém morreu também.
2. Retratistas vs. Fotografia: o drama que ninguém supera
Durante séculos, retratistas dominaram o palco visual.
Gente como Ottavio Leoni, mestre italiano do século XVII, era quem transformava reis, burgueses e nobres em pinturas majestosas.

Até que… click.
A fotografia chegou.
Primeiro, com a heliografia de Niépce (1826).
Depois, com o processo daguerreotipo de 1839, popularizado por Daguerre.
A câmera obscura e o pinhole já existiam como auxiliares, mas agora havia imagem fixa, “pintada pela luz”.
E os retratistas reagiram como?
Com o clássico:
“Máquina não é arte!”
“Cadê a mão do artista?”
Resultado: a fotografia virou a nova linguagem do mundo.
Os retratistas ficaram como nota de rodapé da história — e alguns migraram lindamente para a nova tecnologia.
3. O apocalipse analógico: médio formato vs. DSLR
Passamos para o século XX — e aqui a briga ficou cinematográfica.
Os donos de Hasselblads, Mamiyas, Rolleiflex, Pentax 67, fotografando com Tri-X e Ilford HP5, tinham a convicção absoluta de que o mundo funcionava assim:
Sem película, não existe fotografia.
Aí chegam as primeiras DSLRs digitais.
E o caipira analógico rosna:
“Isso é eletrônico!”
“ISO 800 limpo? Bruxaria!”
“Megapixel não é grão!”
Enquanto isso, o mundo inteiro avançava para o digital porque… simplesmente funcionava melhor.
4. Photoshop & RAW: o fim do mundo em camadas
Se a DSLR já doía, veio a segunda paulada:
Photoshop. Arquivos RAW. Máscaras. Camadas. Curvas. Correção de cor.
Era o caos absoluto para a velha guarda.
“Isso não é foto, é design!”
“Quero ver fazer na unha, no filme!”
E o pior: revistas, editoras e publicidades passaram a exigir RAW.
A técnica analógica virou arte cult. A digital virou regra.
5. Instagram: o terremoto definitivo
Depois veio o monstro final.
A besta apocalíptica.
O flagelo que realmente tirou o sono da caipirada fotográfica:
Instagram.
De repente:
- Adolescentes faziam “fotografias estilosas” com o celular.
- Filtros automáticos substituíam horas de laboratório.
- Gente sem Hasselblad ganhava mais likes que profissionais premiados.
Gritos foram ouvidos no planeta inteiro:
“AGORA acabou a fotografia!”
Adivinhe:
Não acabou.
Nunca se fotografou tanto na história da humanidade.
6. IA: o novo capítulo da mesma novela
E chegamos ao presente.
Entre Suno, DALL-E, Runway, Midjourney, Kino, LTX, Udio e companhia, qualquer pessoa tem acesso a ferramentas que antes exigiam 20 anos de estudo.
A reação?
“Isso não é arte!”
“Isso tira emprego!”
“A máquina não sente!”
Sim, é exatamente o mesmo discurso usado contra:
- a tinta a óleo
- a fotografia
- a DSLR
- o Photoshop
- o Instagram
A arte nunca morreu.
O ego de alguns, talvez.
Conclusão: A arte evolui. Os caipiras permanecem.
Hoje, a briga não é sobre técnica.
Não é sobre autenticidade.
Não é sobre pureza.
É sobre medo — o mesmo medo que pintores de têmpera, retratistas, fotógrafos analógicos e profissionais pré-Instagram tiveram na virada das suas eras.
A história nunca muda:
o novo chega, o velho grita, o futuro acontece.
E a IA?
É só o próximo passo inevitável.
Seja no pincel, no filme, no sensor ou no prompt —
a arte é de quem ousa criar, não de quem tem medo do novo.
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